O Instituto da Gestão (INTG), em parceria com a TGI, promoveu ontem (07), um seminário regional sobre o tema “A mobilidade a pé e o futuro do Recife – o planejamento urbano traçado pelo caminhar cotidiano”, com palestras, debates, oficinas reflexivas e uma caminhada guiada pelo bairro do Recife. O evento aconteceu na sede do CESAR EDU, no Recife Antigo.
A abertura do seminário foi realizada pela presidente do INTG e sócia da TGI, Fátima Brayner. “Esse foi um evento pensado para fomentar o debate sobre a requalificação do espaço urbano. A cidade é um local de encontro das pessoas. Toda essa falta de planejamento gera impacto na mobilidade urbana, saúde pública e no meio ambiente”, afirmou Brayner, que em seguida deu espaço para a palavra de boas-vindas proferida pelo prefeito do Recife, Geraldo Julio.
A primeira palestra do dia foi ministrada pela arquiteta e doutora em Mobilidade a Pé e Cicloviário, Meli Malatesta, sobre o tema “A importância da mobilidade a pé na cidade atual”. Em sua apresentação, a especialista apontou que, segundo dados da ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos, 36% das viagens diárias nas cidades brasileiras são realizadas inteiramente a pé. Para Meli, a caminhada é a mais primordial e a mais esquecida forma de mobilidade urbana, e o descaso público com as leis que a regem, em todos os seus níveis, do federal ao municipal, tornam o pedestre mais vulnerável.
Em seguida, a secretária executiva da Comissão Técnica Mobilidade a Pé e Mobilidade da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e criadora da Rede Corrida Amiga, Silvia Stuchi Cruz, proferiu a palestra “Mobilidade a pé e qualidade de vida”. Segundo ela, as calçadas são o nosso primeiro contato com o espaço público, são as vias por onde caminhamos e acessamos quaisquer serviços na cidade. E o estado das calçadas diz muito sobre o índice de desenvolvimento de uma cidade: é garantia de acessibilidade, segurança e mobilidade. “A calçada é a porta inicial do contato das pessoas com o espaço público. E o espaço público – as ruas, as praças, os parques, o acesso a serviços, ao transporte, é direito do cidadão”, afirmou.
Finalizando a programação da manhã, o arquiteto por formação e sócio da TGI, Francisco Cunha, falou para os presentes sobre “Planejamento urbano inovador a partir da mobilidade a pé”. Segundo Francisco, o plano urbano tradicional é convencionado a ser olhado de cima pra baixo, seja de mapas ou satélites, privilegiando prédios, e quando chegamos no nível do solo, é um desastre. “O planejamento deve começar pelo chão, promovendo a segurança e tranquilidade do pedestre”, explicou.
Abrindo a programação da tarde, os participantes do seminário puderam participar de uma caminhada guiada pelo Recife Antigo, seguida por uma oficina reflexiva sobre a mobilidade no bairro mais antigo da capital pernambucana. Após esse momento, foi aberto um espaço para debate, onde os participantes tiveram cerca de dez minutos para discutir sobre alguns temas, entre eles as calçadas do Recife, a mobilidade a pé e a inclusão nas ruas da cidade, bicicletas e a sua relação com a mobilidade, Parque Capibaribe, mudanças climáticas e os impactos na mobilidade e o conceito deplaytown.
A realização do seminário “A mobilidade a pé e o futuro do Recife – o planejamento urbano traçado pelo caminhar cotidiano” contou com apoio do Cesar, da Urbana-PE e da FIEPE.